sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A história de um menino de rua que virou um monstro perante o país.




             Ontem a noite passou no canal da rede globo o filme baseado nos relatos do sequestro do ônibus 174 (sempre quis assistir e nunca tinha a oportunidade até ontem) ocorrido no dia 12 de junho de 2000, na linha Gávea-Central no Jardim Botânico. Um dos casos mais dramáticos de violência do Rio de Janeiro. Lembro que nesta época eu era apenas uma criança sem idéias formada que me baseava na opinião dos outros assim julgando o marginal Sandro Barbosa do Nascimento de uma forma totalmente hipócrita, também lembro que eu dava risada e comentava com colegas de escola dizendo que Sandro teve o fim que merecia. Com o passar dos anos li muitas noticias e assisti á muitas reportagens a respeito do assunto, hoje no decorrer de todas estas informações obtidas conservo uma opinião totalmente diferente à de 10 anos atrás, não só em uma forma de julgar o acontecido, além disso, ter uma visão critica totalmente diferente de como o sistema funciona. Aonde a hipocrisia e a omissão de muitos dirigentes deste país acontecem.

Sandro Barbosa do Nascimento, filho de uma mulher comerciante e pai desconhecido. Menino negro e pobre que em seus 8 anos de idade presenciou o assassinato da sua mãe em um assalto a bar, aonde ela era dona.  Mesmo pequeno, mas com uma grande magoa no coração foge da casa da sua tia e sai mundo a fora para esquecer tudo que lhe trazia dor, dando inicio a sua história. Morador de rua, usuário de drogas, muitas vezes obrigado a roubar para ter algo que comer, passando frio e fome nas ruas, detido algumas vezes em casas de detenções para menores de idade. Esta não é só a história de Sandro, porém é a história de tantas outras crianças brasileiras que vivem em nossas ruas sem oportunidades de uma vida melhor.  Sandro Estava sempre por ali no bairro da Candelária nas mediações da igreja fazendo deste seu abrigo, ali também presenciou a morte de seus amigos e companheiros de rua na chacina da Candelária onde o mesmo foi um dos sobreviventes, até hoje especulasse quais foram os motivos para tal atrocidade contra aquelas crianças indefesas, rolam boatos de que os comerciantes do bairro pagaram para policiais fazerem o serviço sujo para eliminar os índices de assaltos e a má impressão que as crianças traziam para o local, pois ali era um lugar histórico, embora até hoje nada se conste em relação a isso.  Sandro não sabia lê nem escreve, pois logo cedo largou a escola e fugiu da casa de sua tia alguns anos depois da morte de sua mãe. Desde pequeno teve que viver nesse mundo desigual se adequando àquilo que o sistema lhe oferecia, assim dançando com forme a música que a vida tocava. O tempo passou e ele cresceu, a cola continuou, os assaltos continuaram o que mudou foi detenção, agora habitava em um presídio, após sua saída voltou para as ruas. Alguns anos haviam se passado e dentro daquele ônibus foi traçado o fim de sua história. Sandro estava dentro do ônibus quieto sem fazer mal a ninguem, embora tivesse sobre a posse de um revólver calibre 38 que estava à mostra. Um passageiro que viu a arma consegue descer e notificar a policia sobre o fato. Então a policia intercepta o ônibus, e aí que o pânico começa, o marginal faz 11 reféns anda de um lado para o outro apontando o revolver calibre 38 para os passageiros.





 Fato esquecido por todos assim como o esquecimento de qual político elegeu na eleição anterior. Depois de horas de negociações Sandro resolve sair com a refém Geisa e com uma arma apontada para sua cabeça ele desce do veículo, é quando a policia mostra todo o seu preparo e treinamento que usam para nos proteger.


No decorrer de toda aquela tensão a policia poderia ter acabado com tudo em apenas uma decisão certa, apenas um tiro certeiro. Com todos aqueles atiradores de elite posicionados poderia ter acertado ele antes de ter descido do ônibus usando a professora Gisa como escudo porem nada foi feito e por uma imbecilidade, sim uma grande imbecilidade e erro da policia uma jovem com sonhos e inocente foi morta. Quando ambos desceram do ônibus um policial do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) um ser “preparado” atira contra o marginal e acaba acertando o queixo da refém, em seguida Sandro dispara três tiros acertando o troco da jovem moça.






Sandro é baleado e levado rapidamente para dentro de uma viatura para não ser lixado pela população, entretanto morre antes de chegar à delegacia asfiquiciado pelos policiais dentro da viatura. Toda a população se sentiu “vingada” pela morte da jovem Geisa. Os policiais que causaram a morte do marginal foram indiciados e julgados, mas foram inocentados.


 Uma fatalidade que ocorreu por um erro não só do policial, mas também da sociedade que se cala e fecha os olhos para aquelas crianças que pedem esmola na rua, e vivem se enchendo de entorpecente nas ruas e cometendo delitos.


Sandro teve uma infância conturbada e traumatizante, isso não justifica o seu ato, não estou defendendo a ele e sim mostrando os fatos do por que dele ter se tornado um “marginal”, não podemos julgá-lo por não ter tido uma estrutura familiar boa, ou nunca ter terminado os estudos, quem sabe se lhe fossem oferecida melhores oportunidades a história não tivesse sido diferente? Hoje a professora Geisa poderia estar viva e também Sandro poderia estar vivo quem sabe nunca tivesse passado pela sua cabeça em ter uma vida que ultrapassasse as margens da lei? Quem sabe não é. Se o sistema não fosse tão falho e tivesse feito um intervenção tirando ele e muitas outras crianças, talvez nada disso tivesse acontecido. Do Caráter monstruoso mostra o quão à vida é cruel com os esquecidos da sociedade. Ainda está mesma sociedade descrimina pessoas as julgando como “marginais” sem saber o que se passa, sem saber se ela realmente tem algum antecedente neste meio. É triste, entre tanto esta é a nossa realidade, a própria sociedade cria esses monstros e depois os condena, acredito que daqui alguns anos essas histórias possam ser diferente, assim como Sandro existem muitos em nossas ruas.









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